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Calendário Alternativo da UFPel é aprovado mesmo sob críticas e preocupações da comunidade acadêmica

Mesmo diante de críticas da comunidade acadêmica, será implementado na UFPel um Calendário Alternativo, com a realização de atividades por meio do ensino remoto a partir de 22 de junho, estendendo-se por 12 semanas. A proposta foi aprovada na última sexta-feira (22) pelo Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe).

A apreciação ocorreu em reunião virtual do Conselho apenas um dia após a apresentação de uma nova proposta pela Reitoria, em live no Facebook, o que foi alvo de críticas por parte da comunidade formada por docentes, técnico-administrativos e discentes, que vê o assunto ainda com preocupações e incertezas. 


Participaram conselheiros, o vice-reitor e presidente do Cocepe, Luis Centeno do Amaral, o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPPGI), Flávio Fernando Demarco, a pró-reitora de Ensino, Maria de Fátima Cóssio e a pró-reitora de Extensão, Francisca Ferreira Michelon. A ADUFPel-SSind solicitou espaço para fala durante a reunião, como ocorreu em oportunidades anteriores, porém a Reitoria não autorizou a participação de seus representantes. 


A transmissão, que durou cerca de 4h20, passou por diversos problemas técnicos e dificuldades, inclusive, ficando alguns minutos fora do ar, o que gerou comentários como o de Édna da Rocha: “Falam em inclusão digital e implementar ferramentas digitais, quando os próprios têm dificuldades de manusear as ferramentas. Isso que são das áreas de exatas/ tecnologias. O que resta para os estudantes? Percebam o equívoco”. 


Antes de abrir espaço para posicionamentos dos conselheiros, os pró-reitores e vice-reitor realizaram falas em defesa da minuta e apresentaram dados de pesquisas realizadas pela gestão sobre acesso e utilização de ferramentas digitais. De acordo com Luis Centeno do Amaral, todas as decisões da Reitoria são tomadas conforme o que aponta o comitê da COVID-19 - constituído por representantes de todas as áreas da saúde da cidade e setores afetados, bem como reitoria e pró-reitorias -, mas com chancela do reitor Pedro Hallal. 


A partir disso, segundo Amaral, foi constatada a necessidade de aplicar o ensino remoto para manter todos conectados e preparar para situações do futuro. Ele fez questão de ressaltar que não estão implementando Ensino à Distância (EaD), mas ensino remoto emergencial, e que a proposta é da comunidade, não da gestão. 


Preocupações 

As manifestações dos colegiados, lidas pelos conselheiros antes da votação, demonstraram que há insatisfação e diversas preocupações por parte de coordenadores, docentes, técnico-administrativos e estudantes. Foram apontadas algumas questões para amenizar os problemas constatados e para que a proposta seja menos excludente possível. 


Um apontamento em comum apresentado pelos colegiados refere-se à questão do acesso, não só à internet, mas de como alunos e professores irão se adaptar a esse modelo de ensino, em um momento delicado em que a estrutura familiar está modificada, bem como o tempo e o espaço. Além disso, questionaram a qualidade do ensino já que a utilização de novas ferramentas requer formação e amadurecimento para a transposição.  


Também, foi defendido maior tempo para discussão para que os colegiados pudessem trabalhar a nova proposta, apresentada somente um dia antes da reunião do Cocepe. Alguns dos documentos lidos afirmaram que a velocidade com que foi tratado o Calendário Alternativo gerou um desconforto entre a comunidade acadêmica, já que muitos docentes não se sentem capacitados, como também destacam que a minuta não estava madura o suficiente para ser discutida no Cocepe. “Enquanto tiver curso que não se sinta plenamente contemplado pelo sistema que está sendo oferecido, isso precisa ser discutido”, afirmou o acadêmico Gabriel da Silva Chagas.


Segundo o vice-reitor, a discussão foi levada ao Cocepe, neste momento, para que a Universidade possa se preparar melhor para quando o semestre regular começar, que também terá “questões de exclusão graves”. Ele ainda afirma que a gestão não quis limitar o tempo de discussão e que entende ser o suficiente. Em resposta às preocupações apresentadas pelos colegiados, salientou:  “Como é um semestre optativo, se um aluno que tem condições de ter a internet de boa qualidade, tem condições de fazer o semestre alternativo e não quiser fazer, ele não vai ser prejudicado de maneira nenhuma porque quando o semestre regular começar ele vai poder fazer a disciplina. Se o aluno não quer cursar e não tem as condições de acesso, nós vamos correr atrás para que ele tenha as condições de acesso. Ninguém vai ser prejudicado se não quiser participar”.


Para diretoria da ADUFPel, decisão foi aligeirada 

A ADUFPel-SSind, ao longo do processo de formulação do Calendário, conforme carta aberta divulgada no dia 25 de maio, fez críticas e sugestões à proposta e apontou um caminho diverso do proposto pela administração da Universidade. Tais críticas e sugestões também fizeram parte de um documento apresentado à gestão no dia 12 de maio e publicado na página da ADUFPel.

Também, de acordo com posicionamento divulgado em 5 de maio, a diretoria e o Conselho de Representantes (CR) da ADUFPel afirmaram que “a excepcionalidade do momento não pode servir de pretexto para que sejam escolhidos caminhos que, historicamente, foram apontados por organizações acadêmicas, entidades estudantis e sindicatos de trabalhadores em educação, como nefastos para a formação de gerações de estudantes. (...) São gerações que sentirão os resultados dos investimentos e das escolhas feitas em diferentes níveis de governo e, internamente, em redes de ensino e instituições educacionais”. 


A presidente da ADUFPel, Celeste Pereira, destaca algumas consequências da aprovação da proposta de Calendário Alternativo. De acordo com ela, o ensino remoto não é a forma e a solução mais adequada, pois rompe com a perspectiva da troca entre servidores e estudantes. Ao criticar o modelo, afirma que corrobora com a precarização do trabalho docente e contribui para a o aumento das desigualdades, já que nem todos os estudantes terão acesso. “As próprias discussões que têm acontecido nas lives e nas reuniões demonstram a fragilidade da internet quanto instrumento porque as pessoas não têm acesso, porque as redes caem, porque nem todo mundo tem equipamento adequado”. 


Ela reforça que a decisão foi “tomada de forma realmente aligeirada e não permitiu o debate mais profundo e sério por todos os envolvidos”. Segundo Celeste, embora a Reitoria tenha ignorado a proposta apresentada pela Seção Sindical junto ao Conselho de Representantes, o texto cumpriu um papel importante porque a proposta original teve que ser alterada. “Não é o que nós propúnhamos, não é o que nós compreendemos como mais correto para o processo, no sentido de garantir os princípios da Universidade”.


A docente ressalta que a ADUFPel permanecerá atenta e irá denunciar todas as ações que contribuam para a precarização do trabalho. “Esse é o papel da ADUFPel e nós consideramos que é absolutamente necessário. De fato, a gente tem muitas preocupações com a questão da carreira e do trabalho docente, e vamos manter a nossa atuação firme e forte quanto Seção Sindical, que tem uma perspectiva de uma sociedade mais justa, onde a saúde, a educação e a segurança são prioridades para os trabalhadores em geral”. 


Renato Waldemarin, coordenador do Conselho de Representantes da ADUFPel, avalia a decisão como “apressada, metodologicamente falha e que não corresponde obrigatoriamente ao desejo da comunidade, porque a comunidade, de fato, não teve conhecimento de todas as propostas e nem pode discutir a proposta final”. O docente aponta que é questionável a metodologia, pois, por exemplo, o documento construído pelo CR e assinado por um coletivo de pelo menos 20 pessoas teve o mesmo peso de documentos assinados por um único professor. 


A forma como a Reitoria realizou a compilação das propostas, sem levá-las para o debate na comunidade acadêmica, é ressaltada por Waldemarin. “Era necessário um tempo maior de discussão com a divulgação de todas as propostas existentes, de tudo aquilo que foi colocado para discussão no conjunto da Universidade, e que simplesmente essa produção da Universidade, essa riqueza diversa, não foi colocada para ser discutida pela própria comunidade, que não teve acesso a tudo que ela produziu, e ficou restrito às mãos da Reitoria”. 


Como funcionará o Calendário Alternativo

Até o dia 12 de setembro, disciplinas optativas poderão ser oferecidas para graduação e pós-graduação, já as obrigatórias deverão passar por avaliação dos colegiados de curso e serem, preferencialmente, ofertadas para estudantes concluintes. As práticas deverão ser 100% remotas também depois de passarem por avaliação dos colegiados. 

Também, neste período, os estágios poderão ser oferecidos somente em cursos de bacharelado e tecnológicos. E os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) serão também feitos com orientação à distância, quando possível.

Assessoria ADUFPel

Foto: Assessoria ADUFPel


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