ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas

Logo e Menu de Navegação

Andes Sindicato Nacional
A- A+

Notícia

Incêndio na Boate Kiss, que vitimou 242 jovens, completou dez anos

A maior tragédia evitável de Santa Maria completou dez anos na sexta-feira, 27 de janeiro. O incêndio na boate Kiss vitimou fatalmente 242 jovens, muitos deles e delas estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Durante toda a semana, diversas atividades marcaram a data e a luta por memória, justiça e reparação.

Na noite do dia 25 de janeiro, foram coladas diversas frases e fotografias por toda a extensão do caminho entre a Praça Saldanha Marinho e o prédio em que funcionava a boate, na Rua Dos Andradas. As atividades se estendem até o dia 28 do mesmo mês, com o tema "Boate Kiss, 10 anos: resgatar a memória é construir o futuro".

Os atos foram organizados pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), do Coletivo “Kiss: que não se repita” e do Eixo Kiss do Coletivo de Psicanálise. No apoio, estão a Seção Sindical do ANDES-SN na UFSM (Sedufsm SSind.), a prefeitura de Santa Maria, o DCE UFSM, Corsan, Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região e Conselho Regional de Psicologia.

Coletiva

Diversos veículos de mídia reuniram-se na tarde da quinta-feira (26), no auditório Suze Scalcon da Sedufsm SSind., para a coletiva de imprensa realizada pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria.

Quem ocupava uma das cadeiras do auditório era Nilda Gomez, mãe de Mariano Alexis Benítez, vitimado fatalmente na casa noturna Cromañón, em Buenos Aires (Arg), no ano de 2004. De proporções e causas muito similares às verificadas no caso Boate Kiss, o incêndio resultou em 194 jovens mortos. Desde os primeiros dias após a tragédia da Kiss, Nilda, que pertence à ONG Familias por la Vida, tem estado presente em atividades junto a pais, mães, familiares, amigos, amigas e sobreviventes da tragédia de Santa Maria.

“Dizíamos tanto “nunca mais Cromañón”, e trabalhamos tanto na prevenção [para que aquilo não mais acontecesse lá], que não nos atentamos para o fato de que mundialmente poderia voltar a acontecer. E isso aconteceu tão perto de nós, em um país vizinho. Imediatamente entramos em viagem e viemos em três ou quatro pessoas. Chegamos aqui no segundo ou terceiro dia, quando ocorriam as marchas e a primeira missa. A partir daí, começamos a acompanhar. Voltamos no um ano da tragédia. Depois viemos outra vez, quando fomos a Brasília falar com parlamentares explicando como havia sido o processo na Argentina para, de alguma maneira, poder fazer avançar a luta no Brasil. Vimos aqui tudo que vivemos [lá]. A mesma dor, o mesmo desamparo, a mesma indiferença. Queríamos sacudir a sociedade”, testemunhou Nilda à Assessoria de Imprensa da Sedufsm.

Ela ainda chamou a atenção para o impacto de tragédias dessa magnitude na saúde mental de pais, mães, familiares e sobreviventes. Alterações nas leis que visem a garantir mais segurança nas casas noturnas, proibir o uso de artefatos explosivos, estabelecer limite máximo de pessoas e construir saídas de emergência bem sinalizadas e com as proporções adequadas ao ambiente, por exemplo, ajudam, na opinião de Nilda, a acalmar, ainda que brevemente, a dor das famílias.

“Você pode achar mil causas [para a tragédia], mas as consequências são infinitas. Na minha família, afetou quatro gerações. Afetou a mim como mãe [que perdi meu filho]. Afetou minha mãe. Afetou minha filha que perdeu seu irmão e também seus pais, porque seus pais deixaram de ser os pais que ela tinha e passaram a ser outra coisa, a estarem lutando, gritando, ‘peleando’, e isso muda tudo, muda absolutamente tudo. E também terá consequência nos filhos e filhas da minha filha, porque a avó não vai ser a avó que costura e cozinha, mas sim uma guerreira que vai pelear e lutar. Quantas gerações são modificadas? Se a sociedade não pode entender isso, é mais difícil para os pais”, encerra Nilda.

Vigília

A noite de quinta-feira (26) foi marcada por um dos momentos mais emocionantes: a já tradicional vigília no local onde funcionava a boate. No final do dia 26, após a audiência de episódio da série documental "Boate Kiss: a tragédia de Santa Maria", familiares, sobreviventes e apoiadores da luta por justiça deixaram a praça Saldanha Marinho e caminharam até o prédio da Kiss.

Lá, uma apresentação artística retratou, através da dança, um pouco da história da tragédia. Em outro momento marcante da noite, uma colagem foi realizada na fachada da Boate. Os cartazes traziam questionamentos sobre a tragédia, em especial sobre como Santa Maria assimilou e como trata esse evento 10 anos depois. Outros cartazes traziam fotos de mãos dadas. Às 2h30 da manhã já do dia 27, horário aproximado no qual o incêndio começou dez anos atrás, os e as presentes realizaram 1 minuto de barulho em homenagem às vítimas.

A programação prosseguiu durante toda a sexta-feira e sábado, com o tema: "Boate Kiss, 10 anos: resgatar a memória é construir o futuro". A Sedufsm SSind. também produziu entrevistas com Flávio Silva, pai de uma das vítimas fatais da tragédia e integrante do Movimento Santa Maria do luto à luta, e Gabriel Rovadoschi, sobrevivente da tragédia e presidente da Associação dos Familiares de Vítimas  e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria. Assista aqui.

Fonte: ANDES-SN, com informações e fotos da Sedufsm SSind.

Veja Também

  • relacionada

    Docentes da UFPel e do IFSul-CaVG deflagram greve a partir de 15 de abril

  • relacionada

    Por que fazer greve?

  • relacionada

    Mulheres recebem 19,4% a menos que homens, aponta o primeiro relatório de igualdade salari...

  • relacionada

    Após 6 anos e dez dias, PF prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

  • relacionada

    Nota das Diretorias do ANDES-SN e do Sinasefe em apoio à greve da Fasubra

  • relacionada

    Setor das Federais aponta greve docente a partir de 15 de abril

Newsletter

Deixe seu e-mail e receba novidades.