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Live aborda sobrecarga de trabalho na educação e adoecimento

As entidades sindicais da educação de Pelotas, entre elas a ADUFPel, realizaram na noite de quarta-feira (1º) a terceira live conjunta no Facebook. O debate teve como tema "Sobrecarga de trabalho e adoecimento: será esse o futuro da educação?". A mediação foi de Maicon Bravo, diretor do SIMP. As debatedoras foram Martha Hirsch (SIMP), Liliane Griep (ASUFPel) e Nazine Bittencourt Ribeiro (CPERS). 


Professores não são youtubers

A professora da rede estadual, Nazine Ribeiro, foi a primeira a falar. Ela começou abordando o passado recente, citando que desde 2014 o povo gaúcho escolheu, nas urnas, eleger um programa de precarização e Estado Mínimo. Primeiro com José Ivo Sartori (MDB), depois, em 2018, com Eduardo Leite (PSDB). Mas que apenas o segundo, com maioria no Legislativo, está conseguindo colocar em prática projeto de precarização da educação, que não prioriza a aprendizagem.


Segundo Nazine, os educadores estaduais gaúchos já começaram o ano de 2020 adoecidos, deprimidos, embrutecidos. A categoria está há 60 meses recebendo o salário parcelado, atrasado e sem reajuste, tendo que ir ao banco pagar juros para receber a remuneração total. Com a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), a situação piorou. 


“Quando a pandemia chegou já estávamos fragilizados. Aí vem outro massacre, com aulas à distância, sem horários fixo para trabalhar, etc.”, comenta. Para a professora, o ensino remoto é um projeto excludente para a maioria dos alunos, já que nem todos têm acesso à internet. “Não há solidariedade, há acúmulo e sobrecarga de trabalho. Os funcionários das escolas são obrigados a dar plantão, muitos estão nos grupos de risco. E ainda levamos serviço pra casa”, completa Nazine. 


“Nós não somos youtubers, somos professores”, critica, citando, ainda, que os professores estão usando as próprias redes de internet e os próprios celulares e computadores para tentar dar aula. “Estamos cansados. Fazemos tanto e parece que não fazemos nada”, encerra Nazine. 


Problemas se repetem na rede municipal

Em seguida, falou Martha Hirsch, da rede municipal de ensino. Ela se demonstrou preocupada com a falta de acesso que os alunos têm ao ensino remoto e com a falta de projeto unificado por parte da prefeitura de Pelotas.


“É tudo aos trancos e barrancos. Cada escola trabalha de uma forma, os professores angustiados. Estamos trabalhando em ensino remoto, nas nossas próprias mídias sociais, sem preparo para esse arremedo de ensino à distância”, disse, questionando como é possível alfabetizar uma criança à distância. 


Segundo Martha, nem todos os professores têm bom equipamento para dar aulas de forma remota e muitos não querem imagem exposta nas mídias sociais. Algumas direções de escolas exigem até a produção de vídeos, sem que o município ofereça, ao menos, uma plataforma adequada e os materiais necessários. 


Outra questão levantada foi sobre como se dará a recuperação de conteúdo dos alunos que não estão acessando as aulas remotas. “Os professores terão que trabalhar duas vezes? Atender agora e depois na recuperação?”, perguntou Martha. 


Por fim, ainda citou que os estudantes com deficiência estão ainda mais excluídos do ensino remoto, já que as Professoras Auxiliares (PAs) que trabalham com eles tiveram o complemento de carga horária cortado. “Acreditamos que as atividades presenciais só devem retornar com uma vacina ou remédio eficaz”, terminou Martha. 


Perder o ano letivo não é o pior dos cenários

A última a falar foi Liliane Griep, servidora técnica-administrativa da UFPel. Para ela, o Calendário Alternativo da universidade, que prevê aulas remotas, foi construído de forma problemática. É desconsiderado, por exemplo, o despreparo dos trabalhadores para lidar com o ambiente virtual, assim como a falta de acesso à tecnologia por parte dos alunos.


“As cargas de trabalho se sobrepõem no trabalho remoto. Trabalhar de casa gera adoecimento, estresse e ansiedade é grande. Fora incapacidade técnica, já que a dinâmica de uma aula online é completamente diferente do ambiente presencial”, avalia. Liliane lembra que a grande maioria das pessoas não têm ambiente próprio em casa para estudar ou dar aula, e que há pouco apoio profissional para falar das ansiedades, falar dos medos e tratar problemas de saúde.


“A educação nunca foi pra todos, e agora não seria diferente. O processo excludente de educação se agravando na pandemia. Parece que o mundo vira de cabeça pra baixo e muitas pessoas ainda negam tudo dizendo que é uma gripezinha”, critica a servidora da UFPel. 


A Fasubra tem posição contrário ao ensino remoto e, nesse momento, acha que deve-se priorizar saúde das pessoas. “Perder ano letivo não é a pior situação. Pior é expor crianças, estudantes e trabalhadores à essa situação. E pior ainda é retomar as aulas presenciais e correr risco de contaminação”, completa. 


Lives anteriores

A primeira live, em 13 de maio, abordou a educação em disputa em tempos de pandemia. A segunda, em 3 de junho, teve como tema "Trabalhadores e trabalhadoras em Educação precisam ter voz: são nossas vidas!".


Assessoria ADUFPel

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