Bolsonaro nomeia interventor para reitoria da UFRGS
O presidente Jair Bolsonaro nomeou, na terça (15), o professor Carlos André Bulhões Mendes como interventor na reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bulhões, docente do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), concorreu nas eleições realizadas em julho e foi o candidato menos votado.
A Chapa 2, liderada pelo atual reitor Rui Oppermann, obteve índice proporcional de 0,387688 e venceu o pleito. A chapa 3, comandada por Karla Maria Müller, registrou índice de 0,251304, sendo a mais votada no total (8.947 votos), e a preferida por enorme margem entre técnico-administrativos e estudantes. Na UFRGS, usa-se a proporção de 70% para docentes, 15% para estudantes e 15% para TAEs.
Já a Chapa 1, de Bulhões, teve índice de 0,120896 e a menor votação. O interventor escolhido pelo presidente Bolsonaro não venceu em nenhuma categoria da comunidade acadêmica e foi votado por apenas 1860 pessoas. Confira os resultados completos no final da matéria.
Rúbia Vogt, presidente da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, critica o ataque à autonomia universitária. “Nos opomos à nomeação do terceiro colocado. Ele não é vencedor em nenhum cenário, seja na regra de 70-15-15, seja no cálculo paritário. Nós somos contra a Lista Tríplice e a favor da paridade, defendemos que o processo de escolha se encerre dentro da própria universidade”, afirma.
Haverá Assembleia Geral docente na quinta (17) para debater a pauta “Intervenção na nomeação para a Reitoria da UFRGS”. Também está sendo organizado um ato de toda comunidade acadêmica para o mesmo dia, às 13h, em frente ao prédio da Reitoria.
A entidade também divulgou nota sobre o processo. “Frente à nomeação do novo reitor da UFRGS, a Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS reitera seus princípios de eleições diretas e paritárias, sem lista tríplice, isto é, que o processo se encerre na própria instituição. Diante dos fortes ataques à educação pública e gratuita, aos serviços públicos aos(às) servidores(as) públicos(as), e à Universidade, respondemos com o reconhecimento de que é necessário reforçar a democracia e a autonomia. Assim, defendemos a soberania da escolha da comunidade universitária e repudiamos a nomeação do candidato classificado em terceiro lugar na consulta”, diz o texto.
Deputado bolsonarista antecipou a escolha
O deputado federal Bibo Nunes afirmou, em entrevista concedida à Rádio Guaíba em agosto, que estava bancando o nome Bulhões junto ao presidente Bolsonaro. “Estou bancando o nome dele”, disse. “Nunca a direita comandou a maior universidade do Brasil, que é a UFRGS”, destacou, afirmando que “o reitor ideal” é o professor Carlos Bulhões. “Para o bem da UFRGS, para uma melhor educação, uma educação onde não vamos partidarizar nada. Não vamos tentar induzir alguém a ser de esquerda ou de direita, queremos melhorar a educação e Carlos Bulhões é o melhor para ser reitor da UFRGS”, justificou.
Nomeado interventor também na Unifesspa
Também na terça, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Francisco Ribeiro da Costa para ocupar o cargo de reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com sede em Marabá. Costa foi o terceiro colocado na eleição. Antes dessa semana, o presidente já havia nomeado 14 interventores nas Instituições Federais de Ensino. Agora, o número chega a 16.
Resultado das eleições da UFRGS
Docentes (Peso 0,7):
Chapa 1 – 436 votos
Chapa 2 – 1.454 votos
Chapa 3 – 679 votos
Branco – 7 votos
Nulo – 29 votos
Votos válidos: 2.576
Votos totais: 2.605
Votantes habilitados: 2.932
Técnicos administrativos (Peso 0,15):
Chapa 1 – 208 votos
Chapa 2 – 516 votos
Chapa 3 – 1.056 votos
Branco – 15 votos
Nulo– 33 votos
Votos válidos: 1.795
Votos totais: 1.828
Votantes habilitados – 2.545
Discentes (Peso 0,15):
Chapa 1 – 1.216 votos
Chapa 2 – 2.713 votos
Chapa 3 – 7.212 votos
Branco – 76 votos
Nulo – 75 votos
Votos válidos: 11.217
Votos totais: 11.292
Votantes habilitados – 40.128
Assessoria ADUFPel com informações de Sul 21, Brasil de Fato RS e G1. Imagens de Brasil de Fato e DCE UFRGS.