Um debate importante sobre o futuro do ANDES-Sindicato Nacional será feito no 14º Conad Extraordinário: a permanência ou desfiliação da CSP-Conlutas. Para subsidiar a conversa acerca desse assunto antes da Assembleia Geral da ADUFPel, que ocorre nesta segunda-feira (07), a partir das 17h, a Seção Sindical promoveu uma discussão sobre o papel das centrais sindicais no fortalecimento da classe trabalhadora, na última sexta (04). 

Sob a mediação da secretária geral da ADUFPel, Celeste Pereira, o professor da Universidade Federal do Amapá e diretor do Sindufap, André Guimarães, e a 1ª Secretária Regional São Paulo do ANDES-SN, Michele Schultz Ramos, expuseram, por 30 minutos cada, argumentos para a defesa dos seus posicionamentos. 

A postura majoritária da diretoria do Sindicato Nacional, a qual está disposta no Texto de Resolução (TR) 8, do Caderno de Textos do Conad, foi defendida por Michele. A professora organizou sua fala em três momentos distintos, que compreenderam o histórico da participação do ANDES-SN na construção das centrais sindicais; um balanço sobre a participação da CSP-Conlutas e elementos da conjuntura com seus novos e velhos desafios. Velhos desafios com uma nova roupagem considerando a situação da classe trabalhadora na atualidade.

Como um dos argumentos apresentados em favor da desfiliação, citou que os métodos e as práticas que se concretizaram na Central demonstram que princípios, como autonomia e independência de partidos políticos, administrações e gestões, não são levados a cabo, contrariando o próprio estatuto. De forma que as propostas apresentadas pela corrente majoritária sempre alcançam sucesso contra a maioria das posições defendidas  por vários movimentos e entidades. 

Além disso, apontou que há problemas de orientação política que têm impactado o ANDES-SN, equívocos relacionados às análises internacionais. “Estamos vivenciando uma situação pré-revolucionária e isso é um ponto que para mim é muito importante, na qual as lutas das e dos trabalhadores contra o sistema, como um todo, também são equivocadas porque pretendem dizer que a classe trabalhadora está numa permanente ofensiva, mesmo que inconscientemente”. 

Para finalizar, confidenciou: “Não pensem que foi fácil a discussão na diretoria, não foi, foi bastante duro, porque a gente entende a importância de uma Central Sindical. E é por isso que a gente sugere a desfiliação sem filiação a nenhuma Central, para poder pensar em como fazer reorganização, inclusive com a organização de um seminário".

André foi o segundo a discorrer sobre os pontos que identifica como necessários para a defesa da permanência do ANDES-SN à CSP-Conlutas. O professor preparou sua fala em quatro itens. Passando brevemente pelos primeiros, considerando, até mesmo, concordância com algumas questões citadas por Michele, e ressaltando diferenças para o enriquecimento da conversa. 

Primeiramente, ele abordou o motivo pelo qual é necessário manter a CSP como representação, com o objetivo de refutar a tese de que há a possibilidade de o ANDES-SN ficar “à deriva”, sem nenhuma filiação. Depois, comentou sobre as necessidades da Central hoje. E, por último, fez um balanço dessa relação, levando em consideração não apenas a CSP-Conlutas, mas o conjunto das lutas e o papel das demais centrais e outros sindicatos nesse processo. 

Sobre o hegemonismo, argumentado por Michele como um problema, atentou que, caso realmente fosse, não haveria dentro do ANDES-SN. “As nossas posições são derrotadas pela hegemonia estabelecida, hoje, dentro do Sindicato Nacional, por companheiros que congregam um coletivo que dirige o sindicato com duas correntes políticas. Ainda assim, a ruptura não é a solução para a gente. Nós vamos continuar batalhando a disputa política até que a gente possa ter as nossas posições. Isso é salutar em qualquer espaço de disputa social”. 

André também enfatizou que aquilo que é vivenciado no movimento sindical, de espaços esvaziados e desmobilização, não é exclusividade dele, mas é expressão do que ocorre mundialmente, de um movimento mais amplo que tem modificado a estrutura produtiva, afetando o conjunto do mundo do trabalho com alterações também no campo ideológico. 

Por fim, avaliou: “A realidade posta coloca para a gente a necessidade de fortalecer os nossos instrumentos de luta, instrumentos independentes, autônomos, e isso perpassa pelo ANDES-SN e pela CSP-Conlutas na história brasileira. (...) Nós vamos precisar manter a nossa autonomia sindical”.

Conforme consideração da diretoria da ADUFPel, exposta por Celeste Pereira, há algumas preocupações diante da atual conjuntura que estamos vivenciando, muito por conta do individualismo e do hegemonismo apontado anteriormente pelos debatedores. Por isso, questionou: "Este é o momento da gente fazer esse debate? Nós temos críticas de como algumas coisas acontecem dentro da Central, mas nós entendemos que essa não é uma ocasião adequada para fazer esse balanço. Num momento em que nós estamos precisando nos estruturar, nos apoiar, ficar independente não sei se nos ajuda. Acho que complica um pouco mais a nossa vida”. 

Nesta segunda (07), às 17h, docentes sindicalizados/as da ADUFPel irão deliberar sobre a permanência ou saída da CSP. Saiba mais aqui. 

Assessoria ADUFPel