Nesta sexta-feira (30), estudantes do curso de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) paralisaram as atividades e realizaram um ato em frente ao prédio da Faculdade para denunciar a grave situação de precariedade enfrentada na Universidade. A mobilização reflete uma realidade cada vez mais presente nas Instituições Federais de Ensino (IFES): a insuficiência de recursos para garantir condições mínimas de funcionamento.

A decisão pela greve foi tomada em assembleia estudantil no dia anterior (29), após tentativa de diálogo frustrada com a Reitoria. Conforme destacam os/as estudantes, a situação se tornou insustentável e o orçamento da Universidade não está dando o suporte necessário para dar continuidade às atividades. 

Segundo os/as alunos/as, a infraestrutura da unidade é incompatível com um ensino de qualidade. Faltam materiais essenciais para os atendimentos clínicos à população, equipamentos estão danificados e obras importantes seguem inacabadas, mesmo após o recebimento de emendas parlamentares. Questões que afetam diretamente o atendimento à população que depende dos serviços oferecidos pela clínica. 

A crise enfrentada pela UFPel não é isolada. Ela se insere em um contexto mais amplo de desmonte das universidades públicas, agravado pelos cortes orçamentários e pelo Decreto nº 12.448/2025, editado no final de abril, que impôs ainda mais restrições ao repasse de recursos às instituições federais, comprometendo o funcionamento básico de cursos, clínicas, laboratórios e atividades de extensão. 

Situação na Agronomia

No curso da Agronomia, falta transporte para as aulas práticas. Mesmo com ônibus previamente agendados, as saídas acabam sendo canceladas por ausência de veículos ou motoristas, comprometendo diretamente o andamento das atividades curriculares. Essa situação tem se tornado frequente e gera frustração tanto para discentes quanto para docentes, que se veem impedidos de realizar as aulas práticas. 

Posicionamento da ADUFPel

“É importante ressaltar que a falta de insumos e a precariedade da infraestrutura das universidades públicas afeta diretamente a formação acadêmica dos e das estudantes. Além disso, no caso da Faculdade de Odontologia, também tem impacto no atendimento de pacientes que dependem da faculdade para sanar seus problemas odontológicos. Como já dizia Darcy Ribeiro, a crise na educação pública no Brasil não é uma crise, é projeto. Por isso, a luta pela manutenção do ensino público, gratuito, de qualidade e socialmente referenciado é legítima e importante para as futuras gerações”, avalia o segundo tesoureiro da ADUFPel, Júlio César Spanó. 

Texto: Assessoria de Imprensa ADUFPel

Foto: ADUFPel