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Intervenção na UFPel: chapa eleita para a Reitoria acatará decisão antidemocrática de Bolsonaro

A chapa eleita para estar à frente da gestão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) decidiu acatar a decisão antidemocrática do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de nomeação de Isabela Andrade como reitora da instituição mesmo não tendo sida eleita pela comunidade. Embora os integrantes afirmem que buscarão reverter esta nomeação, ela tomará posse nesta sexta-feira (08). 


Através de comunicados, a chapa informou que uma forma compartilhada de gestão será adotada. A decisão foi tomada de maneira unilateral por integrantes e anunciada em live transmitida pelo Facebook nesta quinta-feira (07). Dessa forma, Isabela Andrade, segundo lugar na lista tríplice, irá dividir o comando da Universidade com Paulo Ferreira, reitor eleito democraticamente. 


A deliberação ocorreu sem qualquer consulta à comunidade acadêmica, desconsiderando o posicionamento das entidades representativas dos três segmentos da Universidade: ADUFPel-SSind, ASUFPel-Sindicato e Diretório Central dos Estudantes (DCE), responsáveis por realizar o processo de Consulta Informal. 


Conforme salienta a presidente da ADUFPel, Celeste Pereira, em encontro convocado pela Reitoria, na quarta-feira (07), um dia após a nomeação, as entidades foram informadas de que haveria uma reunião aberta com a comunidade, na qual seria definido o posicionamento acerca da nomeação da docente do Centro de Engenharias. A reunião, de fato, não ocorreu e a informação de que ela seria uma live foi divulgada via redes sociais. “Desse modo, nos pareceu incongruente nossa participação na atividade”, destacou Pereira. 


Apesar de dizer que a gestão está “comprometida com a democracia na UFPel” e que “cabe aos eleitos pela comunidade conduzir o programa de gestão, respaldados pela soberania do voto popular”, segundo fala do ex-reitor Pedro Hallal em entrevista ao programa Contraponto da RádioCom, concedida nesta sexta-feira (08), a decisão não foi vista como democrática pelas entidades. 


O ASUFPel, que, assim como a ADUFPel, optou por não participar da live da Reitoria, em nota, repudiou a decisão, reforçando que foi tomada de maneira antidemocrática e que a “atual gestão da UFPel busca de forma disfarçada aceitar a referida nomeação, dando o nome de ‘democracia de alta intensidade’.”


Gestão se compromete a garantir a nomeação do reitor eleito

Segundo afirmou Hallal, na live de quinta-feira, “reitor eleito é reitor nomeado”. O professor apontou que essa é a concepção de toda a gestão, a qual assinou um documento com este comprometimento. Para ele, “essa defesa é uma defesa histórica, de muitas gerações, só que essa defesa não pode representar qualquer desrespeito com a professora componente do grupo UFPel Diversa, que foi eleita junto conosco para administrar a universidade”. Por esse motivo, ambos, Paulo e Isabela, dividirão a administração, e destacou que o projeto eleito será tocado de uma maneira “criativa”. 


Apesar disso, explicou que a gestão estará em luta incessante e fará de tudo para reverter a decisão do presidente Jair Bolsonaro. “Já estamos entrando com recurso administrativo junto ao MEC [Ministério da Educação], estamos em reunião com a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], e levaremos o assunto a todas as instâncias políticas e jurídicas para que o reitor eleito pela comunidade seja o reitor nos próximos quatro anos”. No entanto, afirma que este é um momento de “serenidade” e de “responsabilidade” e, enquanto lutarem pela nomeação de Paulo, é necessário que a UFPel “funcione”. O ex-reitor defende que se Isabela não assumisse, abriria a possibilidade de um interventor na Universidade. 


Embora afirme que a chapa tentará reverter a situação, Hallal, em entrevista na RádioCom, já explicou como se dará a gestão. Isabela será a reitora, assinará os despachos, mas nada impede que o professor Paulo presidia o Conselho Universitário (Consun) e represente a UFPel em reuniões com professores. “Essa postura que está dentro da legalidade é desafiadora demais para o presidente. Esse desafio é um desafio que eles [bolsonaristas] não sabem lidar.  (...) Eles estão sem chão. Essa é uma decisão da nossa comunidade”. 


Conforme o reitor não nomeado, Paulo Ferreira, “a Universidade amanheceu golpeada por um governo federal que foi irresponsável, assim como outras dezenas de universidades”. Ele avalia que, com essa atitude, o Executivo busca gerar conflito, o que não deve ser permitido, e, tendo um método de um governo que não respeita a ordem da lista tríplice, o método de escolha da UFPel é o mais apropriado. Além disso, Ferreira não concorda com a denominação de intervenção na UFPel e diz que estarão aptos a “fazer muitas realizações na UFPel”.


Segundo conta Isabela, ela estava trabalhando até o momento da nomeação para assumir a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, sob a liderança de Paulo. Ainda, reforçou que toda a equipe construída pela chapa permanecerá a mesma. “Todo cargo público carrega consigo o ônus e o bônus. Não era a minha intenção assumir a reitoria da Universidade, pelo menos não neste momento. Tinha outros planos profissionais e principalmente pessoais. Lamento a decisão pela não nomeação do reitor eleito pela nossa Universidade. Contudo, a partir da minha nomeação, me foi atribuída a tarefa de assumir, principalmente, o ônus de tudo isso. Porém eu não sou eu, somos nós e nós somos um grupo”.

Intervenção é realidade, conforme diretoria da ADUFPel 

Na concepção da diretoria da ADUFPel a situação é outra. A nomeação de uma docente que não encabeçou a lista tríplice e não foi eleita democraticamente pela comunidade universitária consiste em uma intervenção em curso. 


“Nós compreendemos que a não nomeação do reitor eleito caracteriza uma intervenção. Respeitamos a decisão tomada pela gestão, mas não concordamos com a interferência do governo federal na autonomia da Universidade e com o desrespeito ao processo democrático ocorrido através da consulta informal conduzida pelas três entidades representativas da comunidade UFPel e ratificada pelo Conselho Universitário.  Aliás, com diferença significativa entre o primeiro e o segundo nome da lista tríplice. Estamos organizados e não aceitaremos qualquer intervenção”, enfatiza. 


Assembleia docente debaterá assunto

Na próxima segunda-feira (11), a ADUFPel realizará Assembleia Geral (AG) que debaterá exclusivamente a intervenção na UFPel - ações e mobilização. A AG será virtual, por meio do Google Meet.

Leia mais:


Nota do ANDES-SN de repúdio a não nomeação do primeiro colocado na lista tríplice da UFPel


Entidades sindicais manifestam apoio à comunidade da UFPel contra intervenção


Nota da diretoria da ADUFPel sobre a intervenção na reitoria da UFPel


Assessoria ADUFPel

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