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Notícia

Projeto da UFPel promove atenção e cuidados com idosos por meio da literatura

A pandemia de Covid-19 tem afetado e alterado a rotina de toda a população. A situação para os idosos, porém, é ainda mais delicada e requer uma atenção especial. Além de estarem mais vulneráveis ao coronavírus, estão, também, suscetíveis ao medo, abandono e sofrimento. 


Este cenário fez com que a pedagoga e docente da UFPel, Cristina Maria Rosa, desenvolvesse o projeto “Diário do cuidado: diálogos aos 60+”. O programa foi criado através do Programa de Educação Tutorial (PET) da Faculdade de Educação da Universidade, devido à demanda dos idosos que já frequentavam a disciplina de Literatura, ofertada pela Universidade Aberta Para Idosos (Unapi/UFPel).  


Assim que foram suspensas as aulas da UFPel, por conta da pandemia, Cristina atentou para a importância de amenizar a distância entre ela e seus alunos, bem como manter ativo o grupo de Literatura para prevenir casos de depressão por solidão ou por falta de atenção aos idosos. 


A equipe é formada, além da professora, por estudantes licenciandos em Pedagogia e bolsistas do PET Educação. O projeto de extensão é considerado, por Cristina, como uma ação “na sua mais intensa possibilidade, que é estar com a sociedade no momento de crise, no momento de discussões a respeito de por onde a Universidade deve ir”. 


O Diário do Cuidado foi pensado, ainda, de forma a possibilitar a capacitação dos discentes para trabalharem com a população de altíssimo risco e oportunizar a formação de futuros professores que tenham cuidado e atenção com a população acima de 60 anos.


Como tudo começou

O contato mais próximo de Cristina com idosos dentro da Universidade começou em março de 2018, quando passou a ministrar as aulas na UNAPI. Foi lá que sua relação com eles foi se estreitando por meio da paixão pela Literatura. “Paralelo à sala de aula, que acontecia apenas uma vez por semana, nos tornamos amigos, companheiros de um cafezinho após a aula, de pequenas viagens de estudo, de trocas de informações por WhatsApp e por e-mail, e de reuniões em outros lugares que não apenas a Universidade, como livrarias, cafés, sebos, Feira do Livro”, conta a professora. 


Essa convivência foi suspensa com a chegada da pandemia, mas dela nasceu o “Diário do cuidado: diálogos aos 60+”. Com o objetivo de seguir dialogando e estimulando o interesse pela literatura, foi criado um grupo especial com todos os idosos que já haviam passado pelas pelas aulas da pedagoga. Atualmente integram 32 pessoas. 


Os diálogos, que antes eram em sala de aula, passaram a ser virtuais, mas as trocas e o aprendizado continuaram os mesmos. As principais atividades desenvolvidas pelo projeto são: escutas, leituras, indicações de livros, contos, entrevistas e o que mais tiver relação com a leitura literária. 


Nos encontros virtuais realizados até o momento, a professora Cristina Rosa tem participado como mediadora, nos quais lê um texto a partir de estudos anteriores à aula e propõe um diálogo ou, eventualmente, uma tarefa. “Quase sempre os meus alunos ficam apaixonados pelo texto escolhido e querem saber tudo, autor daquele gênero literário, se esse autor escreveu outros textos similares, se é fácil encontrar esses textos disponíveis nas livrarias, no sebos”, confidencia. 


Resultados 

As aulas, desde 2018, já resultaram no lançamento de quatro livros digitais. Todos foram produzidos ao final de cada semestre e apresentam textos escritos pelos próprios alunos. Inclusive, as aulas foram responsáveis por estimular o aposentado e universitário João Pereira da Silva Filho a lançar um livro de poemas. Após uma depressão ocasionada pela perda de sua companheira que esteve ao seu lado por 50 anos, ele encontrou na literatura prazer em viver. 


O “Diário do cuidado: diálogos aos 60+” também já está preparando biografias, escritas de memórias da pandemia e um livro de receitas. “Atualmente, nós temos em andamento a organização de um livro de receitas porque, entre esse grupo de idosos, há muitos cozinheiros de mão cheia”, ressalta. 


Para além da literatura, projeto oferece apoio

Segundo a docente, além de manter o interesse do grupo pela literatura, o projeto também busca observar e identificar, dentre os idosos, aqueles que precisam de um atendimento mais intenso em algum outro campo. “Ao serem ouvidos por nós, quando nós reconhecemos ou eles solicitam [apoio], nós os encaminhamos a um grupo de cuidados maiores. Esse grupo é integrado, também, pela terapia ocupacional UFPel que nos dá um apoio científico, intelectual e metodológico no atendimento a esses idosos”. 


Dessa forma, quando os estudantes e a docente reconhecem que há algum idoso em perigo, entram em contato com a coordenadora do curso da Terapia Ocupacional (TO), professora Zayanna Lindôso, e ela aciona seus bolsistas e extensionistas para um atendimento mais integral. 


Atenção ao idoso em tempos de pandemia

Conforme aponta Cristina, parte considerável da população idosa encontra-se em situação de abandono que, neste momento, é agravada por não poderem sair de casa, visitar seus amigos, colegas e/ou familiares. Somado a isso, não poder frequentar as aulas de Literatura torna-se mais um perda dentre tantas outras. 


Diante disso, a Universidade vem como uma alternativa a essas pessoas, propiciando uma conexão e uma forma de manterem-se ativas. “Apesar de ser um programa pequeno, ainda, com poucos profissionais, com poucos professores se dedicando, é um programa muito importante, e os efeitos na vida dos idosos que eu conheço, como coordenadora desse projeto, me convencem a nunca mais deixar de trabalhar com esse grupo geracional”. 


A literatura, nesse sentido, para Cristina, é muito mais que um benefício. É uma arte que precisa ser conhecida para ser apreciada. Ela comenta que, diferentemente de outros atributos humanos, não nascemos gostando de ler e precisamos ser ensinados a gostar. Ela vê isso como tarefa principal de sua vida profissional. “O benefício da leitura literária é uma ampliação das capacidades cognitivas, intelectuais, sensoriais e apreciativas, ou seja, do deleite, do gostar de, do conhecer, do poder informar-se”. 


A pedagoga ressalta a importância de passar o conhecimento, sobre um campo que ainda é muito restrito - quase somente conhecido por especialistas - adiante. “A literatura, por exemplo, que é conhecida como uma grande arte, deixa de ser restrita quando nós adentramos no texto literário e, ao ler um texto literário de um grande escritor nós estamos conectando os sujeitos à cultura que é do país e que é um direito de todos. Ter direito a literatura é poder ler literatura, poder escolher o que mais gosta. E é esse poder que eu publicizei ao mostrar para os meus alunos adultos que eles são capazes. Ao serem capazes, eles têm poder e o poder é literário”.


Assessoria ADUFPel

Fotos: Divulgação Diário do cuidado: diálogos aos 60+

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