Reunião do GTCA define estratégias de comunicação e planeja Encontro de Arte e Comunicação
O Grupo de Trabalho de Comunicação e Arte (GTCA) do ANDES-SN realizou reunião, nos dias 12 e 13 de setembro, na sede do Sindicato Nacional, em Brasília, com a participação de diretores do ANDES-SN, docentes da base e jornalistas das seções sindicais para debater estratégias de comunicação referentes ao InformANDES e em defesa da regulação das big techs e planejar o próximo Encontro de Arte e Comunicação e Festival de Arte e Cultura.
A diretoria do ANDES-SN abriu o encontro com um balanço das mobilizações contra a Reforma Administrativa, realizadas na última semana. Ressaltou que a luta contra a proposta seguirá até o fim do ano e demandará ampliar estratégias de comunicação. Outro ponto foi a cobrança pelo cumprimento do acordo de greve, ainda cheio de pendências após mais de um ano do fim do movimento paredista.
Também destacou o encerramento do Plebiscito Popular no dia 30 de setembro, a reintegração ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e o andamento de campanhas nacionais em defesa da Palestina, contra a Reforma Administrativa, pela carreira única, de enfrentamento ao racismo, entre outras.
Nos informes das seções, as jornalistas da ADUFPel, Gabriela Venzke e Vanessa Silveira, falaram sobre as ações de comunicação realizadas pela seção sindical. Comunicaram a inauguração de um estúdio para gravação do podcast Viração, que passou a possibilitar a realização de entrevistas presenciais e com maior qualidade. Também anunciaram o lançamento de um novo site ainda neste ano e relataram a participação da ADUFPel no Plebiscito Popular, com a instalação de uma tenda no Largo do Bola, em Pelotas.
As jornalistas destacaram, ainda, a campanha contra a Reforma Administrativa, retomada em parceria com o ASUFPel sob o mote “Na Reforma Administrativa, o alvo é você”, com materiais nas ruas, redes sociais e spots na RádioCom 104.5 FM. Além disso, informaram que foram relançadas as cartilhas do Sindicalizado e da Sindicalizada e da Previdência dos(as) Servidores(as) Públicos(as), atualizadas para este ano, e apresentaram o “Sextou na ADUFPel” - um novo espaço de debate e confraternização voltado a docentes sindicalizados e não sindicalizados, previsto para ocorrer em setembro.
Ações de comunicação em defesa da regulação das big techs
O coordenador do GTCA, Diego Ferreira Marques (UFBA), conduziu a mesa sobre “ações de comunicação em defesa da regulação das big techs”. O diretor destacou o peso crescente que as grandes plataformas digitais têm exercido sobre o orçamento público brasileiro, lembrando que, nos últimos dez anos, mais de R$ 23 bilhões foram gastos com licenciamento de tecnologias de informação e comunicação, sendo quase metade desse valor somente em 2024. Para ele, esse avanço reflete não apenas a digitalização de serviços, mas também processos de precarização e vulnerabilização que afetam diretamente a sociedade.
Marques chamou atenção para a dependência estrutural do Estado brasileiro em relação a empresas como Google e Oracle, responsáveis por 70% das comunicações oficiais do Distrito Federal. Esse cenário evidencia o poder de concentração dessas corporações e seus efeitos sobre a soberania nacional.
Relacionou, ainda, o tema ao contexto internacional, apontando pressões imperialistas e o recente anúncio do governo dos Estados Unidos de sobretaxar países que avancem em legislações de regulação sobre suas empresas de tecnologia. Segundo ele, esse é um dos principais pontos de constrangimento nas relações exteriores do Brasil.
Ao abordar o cenário nacional, destacou que o governo federal deve encaminhar ao Congresso dois projetos de lei sobre regulação das plataformas digitais nas próximas semanas. Essa iniciativa foi confirmada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. No entanto, Marques ressaltou que o país ainda enfrenta uma fragmentação de competências entre órgãos como Anatel, Procon e Autoridade Nacional de Proteção de Dados, sem que nenhum deles tenha autoridade específica para regular a atuação das big techs.
Ele lembrou que a regulação não se limita às redes sociais, mas envolve também plataformas de serviço, de trabalho, de infraestrutura tecnológica e, cada vez mais, a inteligência artificial. Essa complexidade, disse, exige pensar em marcos regulatórios abrangentes e em instâncias capazes de fiscalizar com efetividade a atuação dessas corporações.
Outro ponto levantado foi o impacto ambiental e social da instalação de grandes data centers no Brasil, apresentados como investimentos bilionários, mas que podem trazer sérios danos às comunidades e territórios. Para o coordenador do GTCA, a discussão precisa ir além da dimensão tecnológica e considerar também os efeitos sobre o meio ambiente e sobre a vida da população.
Marques enfatizou que a regulação das big techs é um tema central para a democracia, para a defesa do direito à comunicação e para a soberania nacional, lembrando que as plataformas de tecnologia estão redefinindo a economia. Ele defendeu que a categoria e a sociedade civil intensifiquem a mobilização política e a produção de campanhas de comunicação sobre o tema, especialmente em um ano que antecede as eleições.
Encerrando sua fala, avaliou que o sindicato precisará ampliar sua atuação diante da expectativa de que o tema ganhe projeção legislativa e midiática nos próximos meses. Segundo ele, embora não tenha sido aprovada ainda uma campanha nacional específica, será necessário produzir materiais de comunicação — como vídeos, cards, adesivos e conteúdos explicativos — para difundir a importância da regulação das plataformas digitais junto à categoria e à sociedade em geral.
O docente propôs uma rodada de contribuições entre os participantes da mesa, reunindo ideias, percepções e acúmulos das seções sindicais e dos profissionais de comunicação presentes, com o objetivo de consolidar uma estratégia coletiva que fortaleça a presença política do sindicato no debate público e ajude a construir uma campanha nacional em defesa da regulação das big techs.
Como encaminhamento, o GTCA decidiu por conectar, no desenvolvimento da campanha sobre regulação e taxação das big techs, aspectos relacionados à carreira docente e condições de trabalho (em face de fenômenos de plataformização, etc.).
InformANDES
Outro ponto pautado foi o InformANDES - um instrumento estruturante e central do plano de comunicação da entidade. A diretoria destacou que o veículo cumpre papel estratégico por articular formatos tradicionais de imprensa com novas linguagens digitais, buscando alcançar tanto docentes mais jovens, familiarizados com a comunicação em redes, quanto aposentados, que ainda mantêm maior vínculo com modelos clássicos de informação.
Segundo a direção, o informativo voltou a ser publicado em versão impressa, a partir de deliberação congressual do sindicato. Atualmente, o jornal é enviado em arquivo para as seções sindicais, que decidem sobre a impressão conforme sua realidade local. Além disso, a sede do Sindicato Nacional, mantém uma tiragem própria, distribuída em atividades nacionais, e cada uma das 12 secretarias regionais imprime mensalmente mil exemplares, repassados às bases conforme demandas e dinâmicas regionais.
Entre os desafios apontados está o de potencializar a circulação e o uso político do material. A diretoria apresentou a proposta de associar o jornal a novos formatos de comunicação, como podcasts, programas de caráter jornalístico e conteúdos em vídeo, que pudessem desdobrar as matérias em diferentes linguagens e alcançar públicos variados. A ideia, segundo a direção, é ir além da simples disponibilização do jornal em PDF no site ou nas redes sociais, explorando pílulas e drops que dialoguem com os modos de consumo atuais de informação.
Durante o debate, representantes de seções sindicais relataram problemas na distribuição e no tempo de chegada às bases e sugeriram novas possibilidades de linguagem, como o uso de ilustrações, produções gráficas e conteúdos mais leves, capazes de tornar os temas complexos mais acessíveis.
Como resultado da reunião, foram definidos alguns encaminhamentos para fortalecer a comunicação do sindicato. Entre eles, está a continuidade da avaliação dos resultados das enquetes de comunicação, com vistas à sua expansão e à realização de uma terceira etapa. Também ficou estabelecida a necessidade de regularizar a periodicidade do InformANDES e de ampliar os meios de redundância da publicação. Além disso, o GTCA deverá promover reflexões sobre o uso do InformANDES, considerando possíveis revisões em seu formato e em suas linhas editoriais.
VIII Encontro de Arte e Comunicação e III Festival de Arte e Cultura
Ainda no primeiro dia da reunião, a coordenadora Letícia Carolina Nascimento (UFPI) abriu o debate que buscou organizar o processo de organização e planejamento do VIII Encontro de Arte e Comunicação e do III Festival de Arte e Cultura. Ela destacou que os dois eventos, criados em momentos diferentes, se complementam ao aproximar o sindicato do campo da arte e da comunicação. Realizados em três a quatro dias, eles são abertos à base e aos/às profissionais da área, que podem participar tanto das atividades quanto das reuniões preparatórias.
Segundo Letícia, a programação é definida a partir de temas considerados urgentes pelo ANDES-SN, organizados em mesas, palestras, rodas de conversa e oficinas práticas. No último Encontro, por exemplo, houve atualização do plano de comunicação, além de oficinas de produção de podcast e de captação de vídeo com celular, que atenderam a demandas das seções sindicais. A previsão é de que, nesta edição, diferente da outra, não seja necessária uma nova revisão do Plano de Comunicação.
O Festival, por sua vez, tem como base a valorização da cultura local, com atrações artísticas e abertura para exposições fotográficas, de arte e exibição de documentários, ainda que a participação dependa do custeio das seções sindicais. Como exemplo, Letícia lembrou a exibição de um documentário produzido por docentes da região Norte, que retratou as dificuldades de deslocamento de professores em áreas distantes da capital.
A docente reforçou que a organização busca equilibrar custos e participação, garantindo espaços formativos e culturais que respondam às necessidades da categoria e ampliem a integração entre comunicação, arte e sindicalismo.
Durante a discussão, os e as participantes trouxeram sugestões para a construção do Encontro e do Festival. Entre elas, a realização de oficinas com a proposta de utilizar o Festival como espaço inicial para pensar um plano de comunicação e arte.
Também foi sugerido que a convocatória oriente os/as profissionais da comunicação a participarem do Festival como convidados/as, e não como responsáveis pela cobertura. A Diretoria do ANDES-SN afirmou que poderá incluir essa orientação na circular.
As jornalistas da ADUFPel reforçaram a importância da participação de profissionais da comunicação nesses espaços de formação e propuseram que o formulário de inscrição permita o credenciamento de mais de um comunicador por seção sindical. A diretoria acolheu o pedido e se comprometeu em avaliar a definição de um limite geral de participantes por seção, sem estabelecer diferenciação entre jornalistas e diretores/as.
Além disso, junto ao jornalista da Aprofurg, Gabriela e Vanessa defenderam a criação de um espaço específico para reunião dos/as comunicadores/as, voltado à troca de experiências e discussão sobre condições de trabalho, a ser realizado na manhã do primeiro dia, antes da abertura oficial do Festival e do Encontro, assim como ocorreu no do ano passado.
A data, o local e a programação completa do evento serão informados em circular. Representantes da Aduff e Adufpb disponibilizaram-se em sediar. Porém, o local escolhido, bem como a data indicada pela diretoria do ANDES-SN (7 a 9 de novembro), serão divulgados posteriormente.
Nesse sentido, os encaminhamentos que avançaram sobre o VIII Encontro de Arte e Comunicação e o III Festival de Arte e Cultura, foram: que a programação inclua painéis sobre direito à comunicação e regulação das big techs, arte e cidadania, redes sociais e sindicalismo, desinformação e IA na comunicação sindical, além da atuação de jornalistas na Palestina.
Foram sugeridas oficinas de vídeo-minuto, análise de dados, fanzine, comunicação acessível (PCDs visuais e LIBRAS), carimbos adinkras, web design, fotografia e arte sindical. Também ficou definido que o ANDES-SN oriente as seções sindicais a garantir a participação de profissionais de comunicação no evento e que seja revista a questão da presença de apenas um profissional de comunicação.
Outros encaminhamentos
O Grupo de Trabalho também encaminhou intensificar a discussão para elaboração do Plano de Arte e Cultura do ANDES-SN; levar ao GTPE (Política Educacional) a necessidade de discussão sobre formação de professores/as em Artes e aspectos específicos da carreira desses docentes.
Ato em defesa da Palestina
Na manhã do segundo dia do evento (13), como parte das atividades da reunião, docentes e profissionais da imprensa nacional e das seções sindicais estiveram em frente à Embaixada de Israel participando de Ato em Solidariedade ao Povo Palestino, pelo fim do Genocídio e em apoio à Global Sumud Flotilla, que se aproxima nesta semana da Faixa de Gaza.
Houve falas da Professora Muna Odeh, 2ª Vice Presidente da Regional Planalto do ANDES, e de Amanda Sampaio, profissional de imprensa da Adufc SSind, que destacou os crimes contra a imprensa no curso do Genocídio na Faixa de Gaza.
Texto: Assessoria de Imprensa ADUFPel
Fotos: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN