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Invasão de terras e falta de atendimento: indígenas sofrem com Covid-19

Os povos indígenas brasileiros estão sendo duramente afetados pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Além de sofrer com a falta de assistência do poder público, eles têm tido suas terras invadidas, o que tem levado a um aumento preocupante no número de contaminações dentro das aldeias.


É o que afirma Roberto Liebgott, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Regional Sul e integrante do Conselho Nacional de Saúde. “As terras indígenas estão sendo sistematicamente invadidas. Os invasores estão levando a doença. Há subnotificação porque o governo não considera os indígenas não-aldeados, quem acompanha os números são as organizações indígenas”, cita. Pelos dados da Associação dos Povos Indígenas Brasileiros (APIB), até a semana passada, havia 103 indígenas mortos pela Covid, e mais de 480 infectados. 



Há vários focos de contaminação em aldeias indígenas. As situações consideradas gravíssimas estão em Mato Grosso do Sul (Reserva Indígena de Dourados), em São Paulo (no Pico do Jaraguá) e também no Amazonas, nas regiões do Alto e Médio Solimões, onde os maiores afetados são os indígenas do povo Kokama. “A cada dia que passa a situação se agrava e não se percebe medidas eficientes do Estado”, critica Roberto.


A subnotificação de indígenas contaminados por parte do governo federal têm preocupado lideranças indígenas, como Marcivana Sateré-Mawé, da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME). “No perímetro urbano de Manaus os indígenas não são incluídos na conta. As comunidades indígenas só passam a ser acompanhadas e monitoradas no momento em que ocorre um óbito. As equipes de saúde deveriam atuar na prevenção, e não só depois das mortes”, cita. 


“Muitos indígenas têm dificuldades na fala, para se fazer entender nos atendimentos de saúde. Vários que procuraram as UBSs em Manaus foram mandados para casa e, no retorno para casa, estão morrendo. É muita dificuldade. Há falta de capacitação dos servidores que nos atendem. Manaus não está preparada para o atendimento dos indígenas”, completa Marcivana. 


Descaso do governo

No início da pandemia, diversas comunidades indígenas realizaram um isolamento por conta própria, mas, em seguida, foram percebendo uma maior ausência do Estado, algo já tão corriqueiro para esses povos. 


“Faltaram alimentos, medicamentos para doenças corriqueiras. A assistência de saúde passou a ser focada estritamente no controle da Covid, outros casos foram administrados sem eficiência. Isso gerou problemas graves internos nas comunidades”, afirma Roberto Liebgott. Mesmo a solidariedade da sociedade civil, que organizou ações e doações, não foi suficiente para melhorar a situação. 


“Agora, pessoas de comunidades, que trabalhavam fora de suas aldeias se contaminaram e voltaram para as comunidades. Começou a explodir o número de casos de pessoas infectadas. E medidas não sendo adotadas efetivamente para garantir isolamento e atendimento necessário, nem formas de prevenção. As comunidades se auto protegeram, não receberam a devida assistência do Estado, e começaram a ser infectadas de fora para dentro”, completa o coordenador do CIMI Regional Sul.


A dor pela perda dos anciões

Marcivana Sateré-Mawé ressalta que, para os povos indígenas, há uma enorme dor na morte de idosos. Enquanto, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro já deu a entender que é “aceitável” a morte de pessoas mais velhas para que a economia siga funcionando, os indígenas tratam a questão de maneira diametralmente oposta.


“Nós estamos vivenciando um luto que parece que não tem mais fim, nossas comunidades estão ficando despedaçadas. Muitas das mortes são dos nossos anciões. Para outras sociedades, o idoso é descartado. Para nós, não. Os idosos são nossos anciões, os esteios e colunas das nossas culturas e nossos saberes”, afirma Marcivana.


Assessoria ADUFPel com imagem de CIMI

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