Mais uma intervenção de Bolsonaro: a UFS é a bola da vez
Na segunda-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro nomeou mais uma interventora para comandar uma universidade federal. Através de portaria publicada pelo MEC, o reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Valter Joviano, foi destituído e Liliádia Barreto foi nomeada em seu lugar. Com a UFS, chega a 17 o número de instituições que tiveram sua autonomia atacada pelo governo.
O reitor Valter Joviano foi eleito no Conselho Superior e encabeçou a lista tríplice encaminhada ao MEC e rejeitada pelo governo na semana passada. Não houve, no entanto, Consulta à comunidade acadêmica. O pleito, organizado pelas três categorias da UFS, estava marcado para março, mas foi cancelado dois dias antes, devido à pandemia de Covid-19.
Valter Joviano, então vice-reitor da UFS, não apresentou candidatura e sequer participou dos debates entre as quatro chapas inscritas na Consulta. Por isso, no momento de sua escolha pelo Conselho em julho, a Associação dos Docentes da UFS (ADUFS), chamou-o de “reitor biônico”.
Assembleia Docente
Numa assembleia com a presença de 103 participantes, na segunda (23), docentes avaliaram a situação envolvendo a Reitoria da instituição. Por unanimidade, o conjunto dos docentes presentes à Assembleia se posicionou contra qualquer intervenção – interna ou externa – e em defesa da autonomia e democracia universitária. As professoras e professores se posicionaram também em defesa da Consulta Pública para a Reitoria.
Após mais de duas horas de discussão, a Assembleia aprovou, por maioria, que a Diretoria da ADUFS solicite uma reunião com a reitora pró-tempore. Foi ressaltado que esse pedido não significa reconhecer a intervenção, mas ouvir da nomeada pelo MEC se há disposição em formar uma lista tríplice respeitando a Consulta Pública ou se o desejo é implementar uma política desrespeitosa à comunidade acadêmica.
De acordo com o presidente da ADUFS, professor Airton Paula Souza, “essa intervenção é consequência de uma postura autoritária do ex-reitor da universidade, que buscou deslegitimar todo o processo da consulta pública”. O professor Romero Venancio ressaltou que o fato envolvendo a UFS é reflexo do que está ocorrendo desde o início do atual Governo Federal em relação às universidades e institutos federais. “Essa é a política de desestruturação do conhecimento e da educação pública. É um processo autoritário e que intranquiliza toda a comunidade acadêmica”, afirmou.
Com informações e imagem de ADUFS